Depois de olhar descuidadamente para os dois lados ela atravessou a rua e andou, sem pressa, por mais duas quadras até chegar a Alameda das Borboletas. Percorreu ainda alguns metros e deteve-se junto as escadarias do velho prédio. O tempo, há muito, igualmente detivera-se ali. Seus olhos buscaram por algo que só a lembrança retivera: Risos e flores indiferentes ao concreto insípido; olhares furtivos que prometiam o desconhecido; roçar de lábios e de dedos; estranhamentos desafiavam as tardes baldias depois da escola. Tudo impregnara tudo, e a gravidade dos anos não conseguiu obliterar a leveza e a bruma ali onde a felicidade, um dia, aninhara-se apenas para observar os filhos prediletos da primavera. Além daqueles limites, só os escombros e a entropia.
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