sexta-feira, 7 de junho de 2019

Das coisas que ela nunca saberá

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Enquanto a luz se estilhaçava contra a calçada fria da cidade lúrida,
um pequeno gesto, inerme e delicado, sustou, por um átimo
o tempo, o som, o sol e tudo que passava.

Os dedos delicados dela tocaram-lhe as faces hirsutas.
Seus lábios lhanos e lívidos sussurraram-lhe algo
e um sorriso que, como as pombas da Alfândega, abriu suas delicadas asas e se perdeu para sempre na tarde alheia.

Eles nunca saberão de mim
e a cidade nunca saberá...

Do lugar donde eu me encontrava imaginei um sussurro, inaudível:
"não te vás, fiques mais um pouco!"


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