domingo, 17 de junho de 2012

Noites bárbaras


Quando ela alcançou o perigeu acendemos nossas fogueiras

Dançamos dentro da noite

Cantamos canções e subvertemos a gravidade

Erguemos um monumento às estrelas

Um brinde ao tempo e aos sonhos

Nossas risadas ecoaram na madrugada

Provocaram faíscas que arranharam a escuridão

O apogeu sobreveio aos anos

Cobriu de silêncio as lembranças daquela celebração de passagem

Mas eu sei, as brasas ainda resistem sob as cinzas do esquecimento




quarta-feira, 13 de junho de 2012

Toda a beleza da vida nas asas de uma borboleta



A manhã nasce esplendorosamente iluminada

Uma pequena borboleta espreguiça-se no recanto do diminuto jardim abandonado

Em breve ela irá lançar-se em direção ao desconhecido

O sol aquece suas frágeis asas amarelas

Ela nada sabe sobre o futuro, vaticínios ou desilusões

Alçará seu voo delicado num desafio ao imponderável

A cidade nada sabe sobre esse singelo e singular espetáculo

As avenidas esfumaçadas e seus transeuntes apressados lhes serão indiferentes

O mundo lhe será indiferente

E assim ela irá realizar o seu destino despretensioso e mágico

Quando a tarde conhecer o seu ocaso eu a verei novamente

Inerte, asas conspurcadas, quase irreconhecível

Jazerá na poça enlameada de uma esquina sombria

E então, uma parte fugaz do mistério que envolve a beleza da vida ela terá carregado consigo

E eu a levarei comigo, em algum lugar de minha retina esgaçada.





sábado, 2 de junho de 2012

É a ela que amo


Distingo aquela flor dentre todas as outras

Não sei se é a mais bela

Mas é a ela que amo

Sei de sua transitoriedade

E das palavras, que não podem expressá-la

Porque também transitórias

Ante a efemeridade, cada olhar é um universo e a eternidade

E cada verso um artifício

Ofício de quem tenta subverter as horas