O pátio apinhado de infantes vestidos de azul; a longa escadaria que dava acesso ao prédio principal e à sua arquitetura severa; risadas que pipocavam aqui e ali e que contrastavam com um sol preguiçoso que parecia um tanto indisposto naquela manhã de março.
Ela estava ali, parada, um pouco à frente na fila ao lado da sua.
Ele aproximou-se o tanto quanto pode, e tentou articular uma frase. Mas as palavras demoraram uma eternidade para chegar-lhe aos lábios.
Blem, blem, blem.
A fila começou a mover-se, mas ele permaneceu estático. Seus olhos continuaram cativos, cravados nas mechas que delicadamente pendiam ao longo da sua nuca.
- Tá dormindo?! Mexa-se, vamos!
Naquela manhã, pela primeira vez em sua vida ele descobriu, perplexo, que seu coração lhe era um desconhecido: socando seu peito como um louco, estava a ponto de escapar-lhe pela boca.